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Aumento nos registros de COVID-19 e falta de transparência nos dados oficiais marcam os sete meses de pandemia nos presídios de Goiás

Infovírus

· De olho no painel

De acordo com o boletim da Diretoria Geral de Administração Penitenciária (DGAP-GO) de 28 de outubro, há 1.618 pessoas privadas de liberdade contaminadas pelo novo coronavírus em Goiás e cinco óbitos por COVID-19. Em um mês, foi registrado um aumento de 299 novos casos de contaminação. No painel do Departamento Penitenciário Nacional (Depen), são 1.579 registros de contaminados.

Desde que a pandemia iniciou, 6.137 testes para a COVID-19 foram aplicados, segundo o mesmo boletim. No entanto, a DGAP-GO não especifica qual tipo de teste foi utilizado, nem se eles foram aplicados apenas em pessoas presas, ou se os servidores também foram testados.

O boletim do CNJ de 28 de outubro informou que 5.246 testes foram aplicados em pessoas presas no Goiás, até o dia 15 de outubro. A discrepância entre as informações indica falta de transparência nos números oficiais sobre a pandemia nas prisões do estado, o que reitera a metodologia do sigilo operada na gestão dos dados no centro-oeste, como o Infovírus já mostrou.

É nesse cenário de opacidade e inconsistência que ocorre a retomada de visitas no sistema penitenciário de Goiás. Em setembro, a DGAP-GO apresentou um protocolo para a retomada da visitação nas unidades prisionais, o que deve ocorrer em novembro.

Após sete meses suspensa, a visitação ocorrerá com regras mais restritas por conta do distanciamento social. O protocolo determina que as visitas sejam realizadas em um parlatório ou no pátio para banho de sol e, por isso, algumas unidades prisionais do estado tiveram que adaptar suas instalações.

Em notícia do jornal O Popular, o Sindicato dos Servidores do Sistema de Execução Penal do Estado de Goiás (SINSEP-GO) se mostra contrário ao retorno das visitas, alegando que isso coloca em risco as vidas e a segurança dos servidores. Em ofício enviado ao Ministério Público, o Sinsep-GO solicita que as visitas sejam feitas por videoconferência, evitando a exposição de servidores e internos.

Mesmo com a suspensão das visitas por sete meses, os registros de contaminação no sistema prisional do estado ultrapassaram a marca de mil casos e seguem aumentando, o que preocupa as pessoas privadas de liberdade e também os seus familiares, que experenciam o cárcere e sofrem com a falta de informações e de estrutura.