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Em sete meses de pandemia, mais de 10.800 servidores do sistema penal foram infectados pela COVID-19

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Desde abril, o Infovírus tem mostrado como a pandemia de COVID-19 aprofunda os problemas do sistema penitenciário brasileiro, vulnerabilizando ainda mais as pessoas custodiadas. De março a outubro, os números oficiais registram 33.668 custodiados infectados pelo novo coronavírus, e 117 óbitos por COVID-19, segundo o boletim do CNJ divulgado em 21 de outubro.

Em relação aos policiais penais e servidores do sistema prisional, o boletim do CNJ informa que são 10.882 registros de contaminação pelo novo coronavírus e 86 óbitos, até o dia 21 de outubro.

No final de julho, a categoria registrava 65 óbitos por COVID-19 e, no final de outubro, esse número subiu para 86, o que representa um aumento de mais de 32% na taxa de mortalidade pela doença entre servidores em três meses.

Segundo um levantamento feito pela UOL com base nos dados do boletim do CNJ, o índice de contaminação pelo novo coronavírus entre os servidores do sistema prisional é mais de três vezes maior que a taxa verificada na população em geral. O levantamento aponta que, entre os trabalhadores de estabelecimentos penais, o novo coronavírus atinge mais de 7.694,5 a cada 100 mil indivíduos, contra 2.258,2 pessoas entre a população em geral.

O estado que mais registra contaminações e óbitos por COVID-19 entre servidores é São Paulo, com 1.811 casos e 31 óbitos. O número de mortes quase se equipara ao número de óbitos oficiais por COVID-19 entre pessoas presas, que até 21 de outubro é de 32, conforme o boletim do CNJ.

O Sindicato dos Funcionários do Sistema Prisional do Estado de São Paulo (Sifuspesp), tem mostrado preocupação com números de contaminação e o déficit de servidores nos presídios. Segundo o Sifuspesp, não houve contratações na gestão do governador João Doria (PSDB) e os profissionais afastados por pertencerem a grupo de riso não foram substituídos. Desde janeiro de 2019, a Secretaria de Administração Penitenciária não fez novas nomeações.

Os altos índices de óbitos e contaminações também têm impacto sobre a saúde mental dos trabalhadores do sistema penitenciário, que têm relatado aumento de sentimentos como medo e insegurança por sua saúde e de familiares. Os impactos à categoria e a falta de melhorias e contratações comprometem também o cumprimento de direitos das pessoas presas, como saídas para o trabalho, banho de sol, transferências, entre outros.