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Com mais de 2 mil casos confirmados de COVID-19, Mato Grosso do Sul é o segundo estado com mais presos infectados

Infovírus

· De olho no painel

O sistema prisional do Mato Grosso do Sul registra 2.026 casos confirmados de COVID-19 entre as pessoas privadas de liberdade e um óbito pela doença, segundo o boletim da Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário (Agepen) de 1 de outubro. O painel do Departamento Penitenciário Nacional (Depen) informa 2.024 casos de contaminação, 205 suspeitos e duas mortes por COVID-19 entre detentos do estado até 2 de outubro.

O Mato Grosso do Sul é o segundo estado com mais contaminações pelo novo coronavírus no sistema prisional. O único estado com mais registros de presos infectados pelo vírus é São Paulo.

Segundo o boletim do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), 2.074 testes foram aplicados em internos do sistema sul matogrossense até 15 de setembro. Em uma população prisional composta por 17.423 pessoas, isso significa que apenas 11% das pessoas presas no estado foram testadas.

O sistema penitenciário do Mato Grosso do Sul é superlotado, com cerca de 8 mil pessoas presas acima da capacidade total de acomodação. Mesmo com alto registro de contaminação pelo novo coronavírus entre a população prisional, o número real de detentos infectados pode ser ainda maior, já que a baixa testagem e a superlotação do sistema são fatores que sugerem subnotificação.

O Infovírus tem denunciado a metodologia do sigilo que opera na gestão dos dados sobre a pandemia nos estados do centro-oeste, especialmente no Mato Grosso do Sul. Nas plataformas digitais da Agepen não existem informações sobre o quadro de saúde dos internos ou a unidade prisional em que estão os presos contaminados. Em contrapartida, há grande enfoque em notícias sobre a apreensão de drogas dentro dos presídios ou de aquisição de EPIs e produtos de higiene. Com isso, a administração penitenciária busca projetar uma imagem de eficiência.

A gestão transparente dos dados na pandemia é um dever das administrações penitenciárias e é fundamental para estruturar soluções na superação da crise da COVID-19. A metodologia do sigilo na produção de dados sobre a pandemia nas prisões aumenta o desrespeito aos direitos das pessoas presas.