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Pesquisa da Pastoral Carcerária revela piora na situação das prisões brasileiras após um ano de pandemia

Infovírus

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O resultado de uma pesquisa feita pela Pastoral Carcerária revela a piora na situação do cárcere no Brasil. Um questionário foi aplicado no momento em que a pandemia de COVID-19 completou um ano. 54,2% das 620 respostas recebidas são de familiares de pessoas presas.

A principal medida para evitar a circulação do novo coronavírus nas prisões ao longo de mais de um ano de pandemia foi a restrição de visitas, ainda não liberadas segundo 73,8% das respostas. Como o Infovírus tem mostrado, a não realização da visitação de familiares e advogados/as tem como consequência o aumento nas denúncias de violência, fome e maus tratos. 20,8% das respostas também indicaram que alimentos e materiais de higiene enviados não estão sendo entregues.

27,8% das respostas afirmam obter informações sobre os internos por meio da administração penitenciária, 29% disse que não são fornecidas informações, 12% afirma obter informações por meio de organizações de direitos humanos e/ou familiares, e 28,8% diz conseguir se comunicar com a pessoa presa através de videochamada, carta ou e-mail. 

Os relatos das pessoas que responderam indicam dificuldade na comunicação, pois os encontros são curtos e vigiados por agentes. Com isso, a pessoa presa é impedida de falar livremente sobre o que ocorre no cárcere: “A cada dia mais eles delimitam o retorno. Vídeo chamada ocorre com presenças de um agente, as cartas que eram semanais diminuíram para uma lauda a cada 15 dias e só tem resposta se alguém escrever para o preso. Vídeo chamadas demoram meses pra ocorrer”.

Os relatos denunciam ainda que familiares não recebem informações sobre situação de saúde de pessoas presas que contraem COVID-19: “[A comunicação é] horrível, meu marido teve covid, liguei na unidade e não me informaram nada. Ele estava sem receber remédio e alimentação”.

56% das pessoas que responderam conhecem alguém com suspeita ou que tenha contraído COVID-19 na prisão. Há também relatos de surtos, não divulgados, nem comunicados a familiares. 18,7% das pessoas respondentes conhece alguém que morreu vítima da doença no sistema prisional.