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Piauí: cinco mortes em sete dias, familiares denunciam graves violações no sistema prisional do estado

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Na última semana, cinco detentos da Cadeia Pública de Altos (CPA), no Piauí, faleceram, 24 foram internados e mais de 100 apresentaram sintomas de uma infecção de origem desconhecida, de acordo com o Sindicato de Policiais Penais do estado. Ainda sob investigação, os indícios apontam para contaminação da água, dos alimentos e infestação de ratos. O cenário é de holocausto.

Os sintomas são febre, insuficiência renal ou hepática, perda da mobilidade dos membros inferiores e superiores, dificuldades respiratórias, lesões provocadas por mordidas de roedores. Na unidade, foi instalada uma enfermaria para atendimento dos doentes, mas sem capacidade para tratamentos de maior complexidade, de acordo com a Secretaria de Justiça do Piauí.

O diretor do Hospital de Urgência de Teresina Rodrigo Martins negou atendimento a um preso em situação grave, apesar da regulação pelo SUS. O diretor já recusou atendimento a outros presos, de acordo com informações dos policiais penais do estado, conforme o JTNews.

Os familiares dos presos da CPA fizeram diversas manifestações na última semana. Numa delas, em 20 de maio, em frente à sede do governo do estado, houve repressão. Uma familiar chegou a ser presa pela Polícia Militar, solta horas depois. Em 25 de maio, em outra manifestação na frente do TJ, um número maior de familiares denunciou as mortes, o tratamento desumano e as torturas, dentre outras violações de direitos humanos no sistema prisional piauiense.
A Defensoria Pública impetrou Habeas Corpus Coletivo requerendo prisão domiciliar ou monitoramento eletrônico para todos os detentos da Cadeia Pública de Altos. Ainda aguarda julgamento.
Diante da superlotação, familiares temem que a pandemia de COVID-19 se espalhe nas prisões. Na Penitenciária Irmão Guido, em Teresina, a contaminação já está confirmada. O sistema prisional, que já abrevia tantas vidas, encontra-se em situação ainda mais grave.