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“Tá atirando em todo mundo aqui. Vai ser um massacre geral”: rebelião e protesto de familiares em Goiás

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2.115 casos de COVID-19 e seis óbitos entre pessoas privadas de liberdade foram registrados em Goiás, de acordo com o boletim da Diretoria Geral de Administração Penitenciária (DGAP-GO) de 6 de abril. Os registros de pessoas presas contaminadas representam 10% da população prisional total do estado.

Os três primeiros meses de 2021 foram marcados por violações de direitos da população prisional. Em fevereiro, ocorreu uma rebelião no Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia. Internos foram atingidos por tiros de bala de borracha e projéteis letais de arma de fogo.

Em áudios e vídeos divulgados por Metrópoles e Correio Braziliense, os internos pediam socorro: “vai matar nós tudo”, “tá atirando em todo mundo aqui, vai ser um massacre geral”. A rebelião foi o estopim das denúncias feitas pelos presos que sofriam com procedimentos violentos de revista e eram submetidos a ações vexatórias, além do fim das visitas de familiares e da má qualidade das refeições.

O El País registrou confissões do gestor Josimar Nascimento, do Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia, que afirmou agredir os detentos com “blocos de concreto e pedras” para mantê-los “disciplinados”. Ele também ameaçou servidores que o denunciassem. Josimar tem 127 denúncias pelo Disque 100 e responde processo sobre torturas no presídio de Formosa, quando foi coordenador regional.
 
Ao Metrópoles, o Presidente da Comissão de Segurança Pública e Política Criminal e coordenador da Força-tarefa do Sistema Prisional da OAB-GO, Edemundo Dias de Oliveira, disse que denúncias de tortura, violação de direitos e maus-tratos contra os presos tem aumentado.

No início de março, a Diretoria-Geral de Administração Penitenciária suspendeu novamente visitas de familiares e advogados, atividades religiosas e de reintegração social. Em 27 de janeiro, familiares protestaram contra a tortura e o tratamento degradante nas unidades prisionais. Há denúncias de comida podre e estragada e água suja.
   
Segundo a Pastoral Carcerária, torturas e violações de direitos humanos em prisões aumentaram 70% entre 15 de março e 31 de outubro de 2020 em relação a 2019. Goiás é o terceiro estado com mais denúncias formalizadas: são nove.