Em menos de um mês, o Departamento Penitenciário Nacional (Depen) e a Agência Estadual de Administração Penitenciária do Mato Grosso do Sul (Agepen/MS) registraram três novas mortes entre as pessoas privadas de liberdade no estado e um óbito entre servidores do sistema por COVID-19. Não foram divulgadas informações a respeito das pessoas que faleceram sob custódia. Até 3 de maio, o painel do Depen registra nove óbitos em decorrência da COVID-19 entre pessoas presas, 4.488 casos confirmados e 79 suspeitas da doença no sistema prisional do MS.
Em razão do alto número de contaminações dentro do sistema prisional, a suspensão de visitas presenciais de familiares foi prorrogada em todo o estado. Em entrevista ao Campo Grande News, João, preso provisório, declarou que as videochamadas amenizam a saudade, mas não podem ser comparadas ao “tato, tocar, abraçar”. Por conta da quantidade de aprisionados, as chamadas ocorrem apenas uma vez por mês, com duração de dez minutos.
Na mesma reportagem, a psicóloga Tânia Hardem, que atua no Instituto Penal de Campo Grande, declarou que grande parte dos internos apresentam sintomas de ansiedade e depressão e pedem medicação psiquiátrica. Tânia conta que a maior preocupação dos internos é sobre a COVID-19: eles temem que alguém de sua família contraia a doença e seja internado.
O Infovírus tem alertado sobre o agravamento dos problemas que envolvem a saúde física e mental das pessoas presas. Estudos apontam que esse grupo, assim como o de agentes penitenciários, está mais suscetível a desenvolver transtornos mentais, especialmente com a pandemia. Segundo artigo publicado no Brasil de Fato, grande parte da população carcerária é medicada para conter surtos psicóticos diversos. Há ainda um número elevado de suicídios, que atingem especialmente mulheres presas, em uma taxa 20 vezes maior que a média nacional.
O Infovírus lamenta as mortes não evitadas de pessoas sob custódia do Estado, e presta solidariedade às famílias.