Voltar ao site

Sistema prisional paulista registra 14 novos óbitos de servidores; dados sobre COVID-19 entre pessoas presas são obscuros

Infovírus

· Extras

O número de falecimentos de servidores do sistema prisional de São Paulo aumenta em ritmo maior do que o de pessoas presas mortas: em nove semanas, foram registradas três mortes de presos; no mesmo período, houve 14 óbitos de servidores. No total, são 38 óbitos oficiais de presos por COVID-19 no sistema prisional de SP.

No momento em que o país registra os piores índices de contaminações e óbitos por COVID-19 e vê o sistema de saúde colapsar em quase todos os estados, essa diferença reforça a suspeita de que há subnotificação no número de óbitos decorrentes de COVID-19 entre pessoas presas. A Secretaria de Administração Penitenciária (SAP) registra 12.446 casos confirmados entre pessoas presas desde março de 2020, cerca de quatro vezes o registro de servidores contaminados, que totaliza 2.836.

Não há informações oficiais sobre testagem no sistema prisional paulista desde dezembro de 2020. A SAP não divulga em seus boletins diários dados sobre testes e, no boletim semanal do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), as últimas informações sobre testagem são de 23 de dezembro. Além disso, o informativo deixou de ser divulgado com a frequência prometida no final do ano passado.

Segundo a Ponte Jornalismo, há unidades em que os presos relatam, através de cartas para familiares, sintomas de COVID-19, mas têm dificuldade em serem atendidos e testados. Há ainda relatos de ameaças de castigo caso o teste não dê positivo, o que configura um cenário de adoecimento de pessoas presas e prática de tortura nas unidades prisionais.

Em função da piora da pandemia no país, a Justiça voltou a suspender as visitas nas unidades prisionais paulistas, a pedido do Sindicato dos Agentes de Segurança Penitenciária do Estado de São Paulo (SINDASP). Por conta disso, foram retomadas as videochamadas entre pessoas presas e familiares. A falta de contato direto entre os presos e seus entes também prejudica o conhecimento sobre as condições de saúde da população prisional.