Em 19 de agosto, o Boletim Semanal do CNJ (Conselho Nacional de Justiça) registrou 756 casos de coronavírus em detentos do sistema carcerário do Ceará. A população prisional do estado é de 31.569 pessoas, mas, segundo o Boletim do CNJ, apenas 6.477 testes foram realizados. Esse número se refere ao total de testes aplicados no sistema, incluindo servidores e detentos, sem especificar quantos foram aplicados aos detentos.
O Infovírus noticiou no mês passado que a administração de Luís Mauro Albuquerque vem sendo denunciada ao Mecanismo Nacional de Prevenção e Combate à Tortura. A página @avozdocarcere expõe relatos de torturas e outras violações de direitos das pessoas presas no Ceará. Segundo o depoimento de um ex-detento, a comida é de má qualidade e frequentemente os agentes agem com violência, quebrando dedos, braços e utilizando spray de pimenta nos apenados. Em 11 de agosto, uma advogada relatou a ocorrência de práticas absurdas por parte dos agentes na Casa de Privação Provisória Clodoaldo Pinto, que ameaçaram detentos, obrigando eles a se beijarem sob a mira de uma arma, submetendo-os inclusive a outras violências sexuais.
Em 20 de julho, Mauro Albuquerque declarou ao “Diário do Nordeste”: “a gente conseguiu segurar essa doença”, referindo-se à COVID-19 nas prisões ceareneses. O Boletim do CNJ de 20 de julho registrava 344 casos confirmados de COVID-19 entre detentos. Em 19 de agosto, contudo, esse número subiu pra 756, o que representa um aumento de 119,7% nos casos registrados em um mês.