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“Ele está magro e sofrido”: com volta das visitas presenciais em SP, familiares relatam que encontraram pessoas presas debilitadas

Infovírus

13 de agosto de 2021

As visitas presenciais foram retomadas nas unidades prisionais paulistas em 10 de agosto. A Secretaria de Administração Penitenciária (SAP) de SP permite a entrada de apenas uma pessoa maior de 18 anos de idade e permanência máxima de até duas horas.

A esposa de um homem e a mãe de outro rapaz, ambos privados de liberdade no Centro de Detenção Provisória Nova Independência, contaram ao R7 que, ao fazerem a visita no último sábado, encontraram seus familiares magros e debilitados. A esposa de um dos internos disse à reportagem: “Vi muita gente chorando vendo seus filhos e esposos magros. Sem o sedex para ajudar na alimentação, vão morrer de fome”.

Os internos relatam terem que dividir entre si o jumbo, com alimentos e materiais de higiene enviados pelas famílias. As visitantes enfrentaram ainda uma fila longa e o tempo de espera foi descontado do destinado à visitação.

Elas também não podem tocar seus esposos e filhos e não há previsão para o retorno da visita íntima. Ao R7, Júlia afirma que, em caso de contato físico, os presos podem sofrer represálias e ficar de 10 a 20 dias em isolamento.

A suspensão de visitas foi uma das únicas medidas de controle da pandemia dentro do sistema prisional. Como o Infovírus mostrou ontem, um relatório do Instituto de Defesa do Direito de Defesa (IDDD) mostrou que 74% das pessoas que poderiam ter sido beneficiadas pela medida em 2020 no estado de São Paulo permaneceram no cárcere, contrariando a Recomendação nº 62 do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

O esposo e o filho das duas mulheres ouvidas pelo R7 ainda não receberam nenhuma das doses da vacina contra a COVID-19. “Eles nos informaram que seguiriam o PNI (Plano Nacional de Imunização), mas quando se encerraram os grupos prioritários, eles mudaram o discurso e disseram que vacinariam de acordo com a faixa etária”, diz coordenador do Núcleo de Situação Carcerária da Defensoria Pública de SP, Thiago de Luna Cury.

A vacinação da população prisional, a aplicação das medidas desencarceradoras e a gestão transparente de informações são fundamentais para a garantia de direitos mínimos para essa parcela da população e suas famílias.