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“É um pedido de socorro”: detenta relata situação precária e casos confirmados em presídio de Goiás

Infovírus

23 de julho de 2020

Por meio de carta manuscrita, internas da Casa de Prisão Provisória (CPP) do Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia relatam contaminações pelo novo coronavírus no local e fazem um pedido de socorro. Segundo a carta, foram aplicados 12 testes em detentas da CPP, dos quais 11 resultaram positivo para a COVID-19.

Além de informarem o número de infectadas, as autoras da carta descreveram as precárias condições a que estão submetidas na CPP. Elas demonstraram preocupação de adoecimento em decorrência de contaminação pelo novo coronavírus, pois o atendimento médico é insuficiente na unidade. Além disso, relatam que não têm acesso a materiais básicos de higiene.
Com as visitas suspensas desde março, familiares não conseguem entregar suprimentos às internas. Na carta elas informam que as refeições chegam estragadas constantemente. As mulheres caracterizam a situação como “genocídio em massa” e encerram o manuscrito afirmando que a seu conteúdo não é um desabafo, mas um pedido de socorro.
Em nota emitida no dia 16 de julho ao jornal Mais Goiás, a Gerência de Assistência Biopsicossocial da Diretoria-Geral de Administração Penitenciária (DGAP) informou que os testes rápidos foram realizados em 13 de julho e que as custodiadas que testaram positivo foram isoladas. Segundo o boletim divulgado em 22 de julho pela DGAP, o sistema prisional de Goiás registra 365 casos confirmados de COVID-19 entre a população prisional e dois óbitos. O boletim não informa o número de casos suspeitos.
A maioria das mulheres encarceradas são negras e respondem a crimes sem violência, como tráfico de drogas ou pequenos delitos patrimoniais. Os presídios femininos do país estão superlotados, com aproximadamente 4 mil pessoas a mais que o total de vagas.

Muitas são as violências produzidas pela intersecção entre raça, gênero e cárcere, desde a desconsideração das especificidades e demandas das mulheres até a ocorrência de abandono afetivo. Essas violências são agravadas no contexto da pandemia de COVID-19, o que mostra a urgência do cumprimento da Recomendação nº 62 do CNJ, que orienta o desencarceramento para a contenção do vírus.