As visitas nos presídios do sistema prisional do Ceará foram retomadas no último final de semana. A página A Voz do Cárcere publicou denúncias de familiares de internos do Centro de Detenção Provisória (CDP). Há relatos de que as pessoas privadas de liberdade no CDP foram encontradas debilitadas.
A publicação informa que os internos estavam excessivamente magros, com diminuição drástica da alimentação e adoecimento mental. Nos comentários, familiares reforçam que encontraram seus esposos e filhos muito magros e doentes. Segundo a página, há internos que falam em tirar a própria vida, tamanha a precariedade do contexto prisional.
As visitas são uma das poucas formas de controle social do que ocorre nos presídios brasileiros. Sua proibição foi uma das únicas ações para o combate à pandemia desde o ano passado, de forma contraditória com a Recomendação nº 62/CNJ, que previa medidas desencarceradoras.
O CDP tem se destacado no número de denúncias feitas por familiares e advogadas/os. No dia 18 de agosto, o Infovírus publicou sobre a existência de novas denúncias de tortura, falta de água e oferta de alimentos estragados na unidade. Segundo o coletivo A Voz do Cárcere, o cenário não mudou: há fornecimento de água apenas duas vezes ao dia para consumo e banho, com limite de 20 minutos para usar.
As condições degradantes e o superencarceramento nas prisões brasileiras, que já eram uma realidade antes da pandemia, foram ampliadas desde o ano passado, como o Infovírus tem mostrado cotidianamente. Não há publicação de informações confiáveis pelos órgãos responsáveis, enquanto se ampliam os relatos de tortura, maus tratos, fome e violação dos direitos da população privada de liberdade e de suas famílias.