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Mesmo com os maiores índices de contaminação e óbitos pela COVID-19, região sudeste apresenta baixa testagem e dados sugerem subnotificação

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A região sudeste é a que concentra mais casos notificados de COVID-19 entre pessoas presas. Segundo o boletim semanal do CNJ, 40% dos registros de COVID-19 entre detentos concentram-se nos estados de São Paulo, Minas Gerais, Espírito Santo e Rio de Janeiro. A região também lidera o número oficial de mortes pelo novo coronavírus no sistema penitenciário: 49% dos óbitos registrados entre a população prisional em decorrência da COVID-19 são no sudeste.

Em sete meses de pandemia, as medidas ainda seguem a lógica observada no início: pouca testagem, opacidade nos dados oficiais e uma retórica de controle da pandemia. A região Sudeste, mesmo liderando o número de óbitos e contaminações, apresenta um quadro que sugere subnotificação. Nos dados sobre testagem não há informação sobre os tipos de testes aplicados, mesmo que a eficácia para a detecção do vírus dos testes rápidos seja questionada pelo elevado número de falsos negativos.

Segundo o boletim do CNJ, até 30 de Setembro, o estado de São Paulo aplicou 37.355 testes o novo coronavírus. São 231.287 pessoas privadas de liberdade. Isso significa que, do início da pandemia até o final de setembro, 16% das pessoas presas foram testadas. Até o dia 16 de outubro, SP registra 9.011 detentos infectados e 32 óbitos por COVID-19, segundo o boletim da Secretaria de Administração Penitenciária (SAP).

Até 15 de setembro, Minas Gerais não informava a quantidade de testes para COVID-19 aplicados entre a população prisional. A primeira vez que essa informação foi disponibilizada no boletim do CNJ foi em 14 de outubro, quando apenas 12% da população prisional do estado fora testada, até 30 de setembro. A informação sobre o número de testes acompanhou grande aumento no registro de presos contaminados pela pelo novo coronavírus: com 3.130 detentos infectados e sete óbitos por COVID-19, MG passou a ser o segundo estado do Brasil com o maior índice de custodiados contaminados pela COVID-19.

No Espírito Santo, 1.859 testes foram aplicados, entre 23.427 detentos, o que representa apenas 8% da população prisional testada. Segundo o boletim do CNJ, o estado registra 767 casos de COVID-19 entre custodiados. O Infovírus tem noticiado a inconsistência nos dados apresentados pela Secretaria da Justiça do Espírito Santo, o que dificulta o enfrentamento da pandemia nos presídios capixabas.

Com o segundo maior número de óbitos oficiais pela COVID-19 no sistema penitenciário, o Rio de Janeiro registra 465 casos ativos e 16 óbitos por COVID-19 entre detentos. Apesar de altos, esses dados são sugestivos de subnotificação, pois apenas 5% das pessoas presas no estado foram testadas para a COVID-19 até 30 de setembro, segundo o boletim do CNJ.