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Mudanças no painel revelam inconsistência metodológica e tentativa de minimizar a gravidade da pandemia nas prisões

Infovírus

· De olho no painel

O Departamento Penitenciário Nacional (Depen) tem feito ajustes na formatação do painel sobre as medidas de combate à COVID-19 nos presídios brasileiros. A partir de 20 de abril, foi incluído o número total de testes realizados no país. Não há informação por estado, nem são indicados os tipos de testes aplicados.

O número de testes tem variado para mais e para menos. Entre 14 e 15 de maio, por exemplo, houve inexplicável redução de 200 testes, seguida de uma elevação. Em 2 de junho, o Painel informa 5.303 testes realizados num total de 748.009 pessoas presas. Isso significa a testagem de menos de 0,7% da população carcerária. Ainda assim, somando-se o número de detecções, óbitos e recuperações, são 2.126 casos registrados: aproximadamente um a cada três testes realizados têm confirmado casos de COVID-19 nos presídios brasileiros.
Em 28 de abril, o Depen passou a informar dados estaduais da população prisional. Os números sofreram a primeira variação em 21 de maio. No total nacional, houve redução de aproximadamente 2 mil presos. Porém, em São Paulo, estado com o maior número de mortes nas prisões por COVID-19, a população prisional aumentou em mais de 7 mil pessoas, segundo o painel. Em outras regiões, a população variou em algumas dezenas. A (im)precisão chama a atenção: Houve presos liberados? Quais? Estariam contaminados? E as pessoas que se contaminaram na cadeia, sob custódia do Estado, mas foram liberadas, são contabilizadas pelo Painel do Depen?

Em 22 de maio, o Painel incluiu a informação sobre recuperados da COVID-19 nas prisões. A informação adicionada segue a linha do “Placar da Vida”, criado pela Secretaria de Comunicação do governo federal, que destaca curas e oculta óbitos, para evitar falar do fracasso do combate à COVID-19, que já ultrapassa as 30 mil mortes na população brasileira, em 2 de junho.

Apesar buscar a imagem de eficiência por parte do Depen, o painel mostra inconsistências importantes, além de aprofundar outras, já apontadas pelo Infovírus.