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Piauí: cinco mortes em sete dias, familiares denunciam graves violações no sistema prisional do estado

Infovírus

27 de maio de 2020

Na última semana, cinco detentos da Cadeia Pública de Altos (CPA), no Piauí, faleceram, 24 foram internados e mais de 100 apresentaram sintomas de uma infecção de origem desconhecida, de acordo com o Sindicato de Policiais Penais do estado. Ainda sob investigação, os indícios apontam para contaminação da água, dos alimentos e infestação de ratos. O cenário é de holocausto.

Os sintomas são febre, insuficiência renal ou hepática, perda da mobilidade dos membros inferiores e superiores, dificuldades respiratórias, lesões provocadas por mordidas de roedores. Na unidade, foi instalada uma enfermaria para atendimento dos doentes, mas sem capacidade para tratamentos de maior complexidade, de acordo com a Secretaria de Justiça do Piauí.

O diretor do Hospital de Urgência de Teresina Rodrigo Martins negou atendimento a um preso em situação grave, apesar da regulação pelo SUS. O diretor já recusou atendimento a outros presos, de acordo com informações dos policiais penais do estado, conforme o JTNews.

Os familiares dos presos da CPA fizeram diversas manifestações na última semana. Numa delas, em 20 de maio, em frente à sede do governo do estado, houve repressão. Uma familiar chegou a ser presa pela Polícia Militar, solta horas depois. Em 25 de maio, em outra manifestação na frente do TJ, um número maior de familiares denunciou as mortes, o tratamento desumano e as torturas, dentre outras violações de direitos humanos no sistema prisional piauiense.
A Defensoria Pública impetrou Habeas Corpus Coletivo requerendo prisão domiciliar ou monitoramento eletrônico para todos os detentos da Cadeia Pública de Altos. Ainda aguarda julgamento.
Diante da superlotação, familiares temem que a pandemia de COVID-19 se espalhe nas prisões. Na Penitenciária Irmão Guido, em Teresina, a contaminação já está confirmada. O sistema prisional, que já abrevia tantas vidas, encontra-se em situação ainda mais grave.