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“Placar da vida” do painel do Depen mostra dados de recuperados que nunca foram registrados como detecções

Infovírus

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O painel do Departamento Penitenciário Nacional (Depen) de monitoramento da COVID-19 no sistema prisional nacional inaugurou, em 22 de maio, o campo “recuperados”. A estratégia é similar à adotada no “Placar da vida”, criado pela Secretaria de Comunicação do governo federal para divulgar pelas redes sociais os dados da pandemia, que oculta os já mais de 30 mil óbitos e revela estratégias de invisibilização e manipulação.

Com a criação do campo “recuperados”, também são agravadas as inconsistências do painel.
Em Minas Gerais, nenhuma detecção ou óbito pela doença haviam aparecido até que, no dia 24 de maio, o painel indicou que dez detentos foram recuperados da COVID-19.
No Espírito Santo, o painel mostra 63 recuperados, e o número de detecções nunca ultrapassou 23.
Em Alagoas, foram registrados 14 recuperados e 15 detectados em 31 de maio. No dia seguinte, os números mudaram: três recuperados e quatro detectados.
Em Pernambuco, em 21 de maio, havia o registro de 58 detecções e 54 suspeitas. No dia 22, sem que houvesse alteração em suspeitos e detectados, a informação de 35 pessoas recuperadas estreou o novo campo.
Em Roraima, em 25 de maio, o painel registrava 38 detecções, cinco óbitos e zero recuperados. Um dia depois, informava 45 detecções, cinco óbitos e 20 recuperados.
Esses exemplos mostram a incongruência dos números, pois os registros de pessoas recuperadas não correspondem a detecções prévias. O Infovírus já mostrou a suspeita da ocorrência de apagamentos de dados em razão de concessão de prisão domiciliar. Novas perguntas surgem: como é feito o manejo dos dados de detectados-recuperados? Uma vez “recuperado”, o registro de “detectado” desaparece? E como explicar haver pessoas recuperadas quando elas nunca foram computadas como diagnosticadas?
Além da subnotificação dos casos de infecção e dos óbitos por COVID-19, já sinalizada pelo Infovírus, é evidente a manipulação dos dados do “placar da vida” do painel do Depen, para minimizar a gravidade da situação. Evidências mostram que não é apenas um problema metodológico, mas de mais uma forma deliberada de ocultar a realidade genocida do sistema prisional.