A prefeitura da cidade de São Paulo anuncia desde o dia 17 de agosto que atingiu a marca de 100% da população com 18 anos ou mais vacinada com ao menos uma dose contra a COVID-19. Entretanto, esse índice desconsidera a população prisional custodiada no município.
Dados fornecidos pela Secretaria de Administração Penitenciária (SAP) do estado de São Paulo informam que, até o dia 18 de agosto, 8.548 pessoas presas na cidade foram vacinadas. Esse número corresponde a 72% da população encarcerada no município, calculada em 11.821 pessoas, a partir de informações disponibilizadas pela própria SAP em sua página oficial. Assim, ao anunciar que toda a população adulta da capital paulista está vacinada com, ao menos, a primeira dose, a prefeitura abertamente desconsidera a população presa como cidadãos sob sua responsabilidade.
Os dados reforçam o que vinha sendo apontado por organizações que atuam em relação à questão prisional, inclusive pelo Infovírus: a população encarcerada, que, por sua condição de vulnerabilidade em termos de contágio, deveria ter sido priorizada no processo de vacinação, não apenas foi preterida, como foi deixada para o último lugar da fila e, além disso, esquecida no momento de comemorar a marca de “100%”.
Além disso, a SAP informa que 99,7% da população encarcerada no estado de São Paulo já foi vacinada, o que causa desconfiança ante os 72% de vacinados da capital. A ausência de informações claras, uma vez mais, levanta suspeitas sobre como esse processo está se dando na capital e no estado de São Paulo como um todo. O estado é o que mais registrou casos de contaminações e óbitos de pessoas presas por COVID-19 no país, com 14.886 pessoas infectadas e 79 óbitos.