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Um a cada três detentos do sistema prisional do Espírito Santo tiveram COVID-19, segundo inquérito sorológico

Infovírus

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A primeira etapa de um inquérito sorológico realizado no sistema prisional do Espírito Santo indicou que, estatisticamente, dentre os 22 mil presos do sistema penitenciário capixaba, cerca de sete mil foram infectados pelo novo coronavírus. O resultado foi divulgado pela Secretaria da Justiça do Espírito Santo (Sejus) no dia 16 de setembro. Isso significa que um a cada três detentos foram contaminados.

Na ação, 1.830 testes rápidos de COVID-19 foram aplicados em internos, servidores penitenciários e profissionais de saúde de todas as unidades prisionais do estado entre 31 de agosto e 4 de setembro. Segundo o estudo, na região norte do Espírito Santo, 43,7% dos custodiados testados tiveram resultado positivo para a COVID-19; na região Metropolitana a taxa foi de 28,7%, enquanto na região Sul do estado 19,8% dos presos testados tiveram contato com o vírus.

O alto índice de contaminação coloca em xeque a aparente estabilidade nos casos noticiada pela Sejus em boletins diários sobre a COVID-19 no sistema prisional: até o dia 17 de setembro, a secretaria informa o registro de 21 casos ativos e três óbitos pela doença entre detentos do estado. Apesar do baixo número de infectados, há registro de 723 detentos curados da doença, os quais não chegaram a ser contabilizados como “ativos”.

Desde o início da pandemia, a gestão dos dados sobre COVID-19 em presídios capixabas tem sido marcada pelo sigilo e falta de transparência. Em maio, a Defensoria Pública do estado ingressou com uma ação civil pública para que a Sejus desse transparência aos números de presos e servidores contaminados pelo novo coronavírus. A necessidade de judicializar a demanda decorreu da dificuldade em obter informações da secretaria de administração penitenciária sobre o estado de saúde dos custodiados.
 
No entanto, o governo do Espírito Santo recorreu e solicitou efeito suspensivo. As informações só serão apresentadas quando houver obrigatoriedade de disponibilização. Levando em consideração a rapidez da propagação do vírus, essas informações podem chegar tardiamente. O resultado das testagens em massa revelam o abismo entre o que a Sejus informa e o que de fato acontece nos presídios capixabas.